segunda-feira, novembro 01, 2010

Novembro 2010

Espanha sob Ataque

O novo mês entra com um acordo para a aprovação do Orçamento de Estado para 2011 cozinhado entre os dois maiores partidos, o que evita comportamentos psicologicamente adversos nos mercados e beneficia indelevelmente o candidato que pretende renovar o seu mandato presidencial.


A conjuntura económica continua a apresentar-se altamente desfavorável para os países do Sul da Europa, especialmente os PIIGS, dos quais apenas a Itália parece estar suficientemente equilibrada para não ir ao tapete com a absurda cotação do Euro. O Banco Central Europeu (BCE) continua a intervir activamente para manter a tendência altista da cotação da nossa moeda, sem a menor relação com os fundamentais da economia, optando por favorecer a política da Alemanha, que está a provocar um choque assimétrico, que pouco os atingirá, mas acabará de arruinar as finanças e as economias da Grécia, Irlanda e Portugal. Tudo isto para subjugar a Espanha, que durante anos cresceu em poder e influência na Europa Comunitária e que vai ser obrigada a baixar o tom de voz. Lamentavelmente, esta refrega política emanada de Berlim irá arrasar todo o Sul da Europa na sua ânsia para poder atingir Espanha. É verdade que, os Espanhóis assumiram muitas posições de destaque na União Europeia, superando a sua participação real para a riqueza dos 27, mas daí a ser justificável o que está a acontecer…

Reequilibrar o poder político dentro da União Europeia (ou acabar com o equilíbrio mostrando que manda quem pode) através da opção consciente por arrasar a economia de Espanha e assumindo como dano colateral o desespero financeiro de pelo menos mais três países membros é, no mínimo, criminoso!

Já não há mais desculpa para a incompetência do BCE. Tornou-se evidente que, se trata apenas de excesso de zelo para cumprir as ordens de quem manda. Assim, compromete-se o sonho de uma Europa Unida capaz de ser um actor importante à escala mundial e garante do bem-estar das suas populações. O BCE é o infeliz pau mandado que enterra definitivamente qualquer hipótese de construção de uma união política na Europa. Depois disto, os países do Sul da Europa ficarão tão escaldados com este abraço de urso germânico que, talvez não fiquemos apenas com uma Europa a duas velocidades, talvez a velha Europa se volte a dividir em duas.